sábado, 26 de janeiro de 2008

Bactéria mortal... e polémica


USA 300 é uma das variantes mais perigosas da bactéria Staphylococcus aureus, resistente aos antibióticos à base de meticilina e que, segundo o jornal the New York Times, levou à morte de 109 mil pessoas, em 2005. Este gene é responsável por infecções de pele, dos tecidos moles e até por uma forma fatal de pneumonia. A USA 300 é bastante agressiva, podendo ocorrer em jovens e pessoas anteriormente saudáveis, e revela-se difícil de tratar com fármacos disponíveis para as variantes conhecidas.

Descoberta apenas há 7 anos, a bactéria era comum nas infecções hospitalares, mas desde a década de 90 que começou a aparecer na comunidade. O alerta surgiu a partir duma pesquisa realizada por uma equipa liderada pelo Bihn Na Diep, da Universidade da Califórnia. A equipa estudou a percentagem de infecções em tratamento entre Janeiro de 2004 e Julho de 2006 em hospitais e clínicas do Estado de São Francisco, nos Estados Unidos, locais onde existem mais casos de infecção com a USA 300. Aí verificou que as lesões ocorriam nos órgãos sexuais, nas nádegas e no períneo (nas mulheres corerspnde à parte de baixo da vulva e estende-se até ao ânus, e no homem, localiza-se entre o saco escrotal e o ânus); e que nos homens homossexuais havia uma probabilidade 13 vezes superior aos restantes membros da comunidade de serem atingidos. Concluiu-se portanto que o sexo entre homens é um factor de risco para este tipo de infecção e ainda que a infecção pode ser sexualmente transmissível neste grupo.

A boa notícia é que não existe registo da estirpe USA 300 em Portugal.

Visto a transmissão ser feita por contacto directo, a DGS recomenda a lavagem das mãos, o banho diário e a mudança de roupa regular. Quanto ao uso do preservativo e a lavagem do corpo após ter relações, estas são recomendações sugeridas pelos responsáveis do estudo americano relativo à variante USA 300.
Mas então neste contexto surge a seguinte dúvida: será esta uma nova doença sexualmente transmissível?


Fonte: Visão, Nº 777


Esta notícia levantou várias questões pertinentes na minha opinião. O facto de a probabilidade de apanhar a doença ser maior para os homossexuais pode leva-nos a pensar que esta é uma doença "dos homossexuais". Mas o facto é que se calhar não existem dados suficientes que nos permitam tirar conclusões deste tipo e por isso mesmo acho não devemos cair no erro de nos precipitarmos tal como aconteceu com o VIH, na década de 80. Na minha opinião, antes de formarmos a nossa opinião acerca desta nova doença devemos primeiro descobrir se ela resulta ou não de comportamentos de risco a que todos estamos sujeitos e aí sim afirmarmos se ela é ou não uma "doença dos homossexuais".

Sem comentários: